metatarsalgia

Metatarsalgia é um termo geral que se refere a uma condição dolorosa na região do metatarso do pé, na área entre os dedos e o arco, ou a “bola do pé”. Esta é uma desordem comum que pode afetar os ossos (cabeça dos metatarsos), as articulações entre os dedos e o metatarso (articulação metatarso-falângico) ou os tecidos moles circunjacentes (gordura plantar, bursa submetatársica, tendões e nervos).

É uma denominação das dores que afetam a porção inferior e anterior do pé (bola do pé), logo atrás dos dedos, sob as cabeças dos metatarsos. Acomete principalmente as regiões dos II, III e IV metatarsos, podendo também acompanhar o I, que pode também ter uma dor localizada isoladamente. Acompanha-se frequentemente de espessamento da pele plantar (hiperqueratose), e em pouco tempo, as calosidades.

A saber, a bola do pé é a área de rolamento do peso corporal e onde os metatarsos têm a maior quantidade de carga. Se um ou mais desses metatarsos está fora de alinhamento, em seguida, a pressão exercida sobre aquele metatarso é transferida para os demais, produzindo um calo ou mesmo um dedo em garra (desvio do dedo para cima). Conforme o tempo passa, as pessoas dizem que a sensação dolorosa é “como caminhar sobre as rochas”.

Eventualmente, pode ocorrer o desvio ascendente do segundo dedo gerado pelo joanete e pelo excesso de carga sobre o segundo metatarso.

Causas da Metatarsalgia

Uma das causas principais é o uso de calçados de saltos altos, portanto, a predominância é maior nas mulheres.

Há vários outros fatores, como o próprio formato do pé, com o I metatarso sendo menor que os II e III, pés cavos (arco do pé muito alto), encurtamento do tendão de Aquiles, levando a forçar mais a porção anterior do pé na marcha, atividades físicas com traumatismos excessivos nesta região, além da tendência de atrofia do amortecedor do pé (coxim plantar) que ocorre com a idade e também em doenças como os reumatismos e diabetes.

  • Estrutura do pé: a Metatarsalgia pode ser consequência de uma estrutura anormal do pé, herdada ou adquirida ao longo da vida. Nesse sentido, um arco alto como nos pés cavos pode colocar pressão extra sobre os metatarsos. Analogamente, um segundo dedo do pé mais longo do que o dedão também pode causar mais peso do que o normal a ser transferido para a segunda cabeça do metatarso. Além disso, pacientes com pouco alongamento de panturrilhas sobrecarregam a região da bola do pé, ocasionando dor sob os metatarsos.
  • Calçados: o uso de saltos altos, que causam mais peso para a parte dianteira do pé, é uma causa comum de metatarsalgia em mulheres. Com efeito, sapatos com uma biqueira estreita ou calçados esportivos que carecem de apoio e amortecimento adequados também podem contribuir para esta condição. O calçado inadequado pode agravar um problema pré-existente da estrutura do pé.
  • Excesso de peso: em princípio, grande parte do peso corporal é transferido para o antepé durante o desprendimento do pé na marcha, quando há sobrepeso.
  • Deformidades do pé: outras deformidades nos pés podem contribuir para o problema, como deformidades digitais que criam pressão na cabeça metatarsal, como dedos em martelo ou dedos em garra, ou o joanete, que por sua vez transfere parte do peso que o hálux (dedão) suporta para os metatarsos laterais (metatarsalgia de transferência).
  • Artrite, fraturas por estresse metatarso, neuromas, e até mesmo gota podem causar dor e inflamação no antepé.
  • Envelhecimento: à medida que envelhecemos, a almofada de gordura na planta do pé tende a afinar e a espraiar, deslocando-se para as bordas do pé. Dessa forma, este afinamento da gordura plantar diminui a absorção e dissipação do impacto durante a pisada, elevando a pressão na cabeça dos metatarsos.

Sintomas da Metatarsalgia

Dor na bola do pé, que pode ser aguda ou em queimação. Geralmente, a dor aumenta quando os pés estão descalços, especialmente em uma superfície dura. Alguns pacientes referem que estão andando com uma pedra no calçado.

Em alguns casos, a dor pode ter caráter neuropático e ser acompanhada de dormência ou formigamento na sola do antepé. Às vezes, esses sintomas se desenvolvem de repente, especialmente após atividades como corrida, salto ou outro exercício de alto impacto. No entanto, os problemas geralmente se desenvolvem de forma insidiosa, ao longo do tempo.

metatarsalgia

Diagnóstico

Primeiramente, o exame físico começa com a observação do pé quanto às anormalidades e à biomecânica, como um arco alto, pés chatos, pronação excessiva (pisada pronada), dedos em garra e o joanete. Tendão de aquiles encurtado (falta de alongamento) ou cabeça dos metatarsos proeminentes também devem ser avaliados.

Fazer Baropodometria e avaliação da pisada e força muscular >

O diagnóstico pode ser auxiliado por radiografias. Normalmente, a cabeça do metatarso envolvido é alargada e achatada, e a articulação do metatarso com o dedo pode estar esclerosada e irregular. Em casos severos, pode ser vista uma luxação desta articulação.

Nota-se abaixo a luxação da articulação do segundo metatarso, além do joanete e do cross-toe (dedos cruzados).

Tratamento

O tratamento deve se direcionar baseando-se na causa da dor. Se a causa básica é o uso de calçados inadequados, com saltos altos, com bicos finos, estes devem ser mudados, apesar da vontade das mulheres e da moda insistir no uso de calçados que as fazem sofrer tanto. Existem também uma série de produtos que podem ser adaptados nos calçados, como palmilhas, botões retrocapitais, amortecedores para os metatarsos, além de tênis com amortecedores para estas regiões.

Tratamento sem cirurgia

O tratamento começa com medidas para acomodar a deformidade, com o objetivo de reduzir a pressão na área dolorosa.

  • Estofamento especial sob a parte dianteira do pé pode ajudar a aliviar alguns dos sintomas da Metatarsalgia. As almofadas devem ser colocadas antes da bola do pé, e não diretamente sob a área dolorosa, o que poderia aumentar a pressão local.
  • Palmilhas: o uso de palmilhas com depressão sob a área dolorosa promove a redução da pressão local.
  • Calçados: use sapatos com amplo espaço para os dedos se moverem, assim como sapatos com solas grossas e absorventes de choque. Saltos altos devem ser evitados.
  • Gelo sob a bola do pé por 15 minutos, duas vezes por dia, para diminuir a inflamação e o
  • Mudança de atividade: limitar as atividades de alto impacto como corridas e saltos.

Os tratamentos conservadores para metatarsalgia são muitas vezes limitados porque não podem corrigir eventuais deformidades ósseas que contribuem para os sintomas. Se falharem ou se a dor progredir, a intervenção cirúrgica pode ser necessária para corrigir as deformidades.

Tratamento Cirúrgico da Metatarsalgia

Muitas técnicas cirúrgicas são descritas, como as abertas e a Técnica Minimamente Invasiva. O objetivo principal é corrigir a deformidade causadora da Metatarsalgia. Na presença de joanete (hálux valgo) ou dedos em garras, estas alterações devem também ser corrigidas. A metatarsalgia em si é corrigida através do encurtamento ou elevação da cabeça metatarsal, retirando a sobrecarga de peso sob o metatarso.

A Cirurgia Minimamente Invasiva também pode ser feita para encurtar o metatarso e corrigir possíveis deformidades associadas nos dedos dos pés.
Normalmente após certo tempo de cirurgia, o que se observa é o desaparecimento das calosidades plantares.

Cuidados especiais nesta região devem ser direcionados aos diabéticos, sendo está uma das áreas mais comuns de abertura de úlcera, especialmente pela perda da sensibilidade local e pela pressão plantar localizada sob algum osso metatarso. Durante a marcha normal, descarregamos uma média de 3000-5000 g/cm2 de pressão plantar sob estes metatarsos, sendo que na corrida estes valores podem duplicar. Pacientes diabéticos têm uma tendência ao aumento destes valores de pressão (8000-10000 g/cm2) e com valores próximos a 10000 g/cm2, a abertura de úlcera é de quase 100% de chance de ocorrer. Com a atrofia natural do coxim pela idade, associando-se a perda da sensibilidade e a hiperpressão localizada, a abertura de úlcera é muito perigosa, especialmente nos que gostam de fazer caminhadas prolongadas, corridas. Usar-se bons amortecedores, tanto nesta região quando no calcanhar neste grupo, é a garantia de se evitar problemas graves que podem levar até à perda do pé por falta de cuidados profiláticos. Para as caminhadas e corridas, recomendamos o uso de tênis sempre com amortecedores sob a parte anterior dos pés com palmilhas adequadas. Evitar calçados com solados finos, hiperflexíveis, darão um conforto muito bom das dores.

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