Definição
Uma displasia da tróclea é o desenvolvimento anormal de um órgão surgindo antes do nascimento e que causa problemas de más formações podendo ser a origem de disfunções. Esse termo é igualmente utilizado para definir as modificações durante a maturação de um tecido após o nascimento como nos cânceres por exemplo. A displasia pode afetar as articulações, principalmente do joelho.
Displasia da tróclea
A displasia da tróclea é o fator fundamental tanto para explicar a biomecânica das instabilidades como para o diagnóstico, pois esta displasia se traduz por anomalias ósseas facilmente evidenciadas nas radiografias simples e nas tomografias computadorizadas do joelho.
Tipos e classificação das displasias da tróclea >
Ela afeta geralmente uma anomalia na tróclea, que fica rasa, superfície articular situada entre o fêmur e a rótula (ou patela) na origem de uma instabilidade da rótula: é a displasia femoropatelar. Em conjunto, a patela também é diferente, com uma faceta patelar medial hipotrofiada.
Nas radiografias axiais com joelho a 30° de flexão podemos avaliar o ângulo da tróclea, que é considerado patológico quando é maior que 140°, ou seja, mais aberto. Este ângulo traduz a profundidade da tróclea a 30° de flexão, onde as instabilidades se mostram mais evidentes. Nesta incidência também podemos analisar a morfologia da patela e possíveis graus de subluxações patelares.
Altura da patela
Este é um dos fatores importantes nas instabilidades e está associado com a displasia da tróclea. A patela alta aparece com muita frequência nas luxações recidivantes. Quando está alta, leva a situações muito instáveis clinicamente, observadas pelo “Sinal de apreensão de Smillie”.
Existem diversos índices para a mensuração da altura patelar, com cada índice apresentando suas medidas, nuances e dificuldades. Utilizamos o índice patelar (IP) descrito por Caton e Deschamps que nos parece com menores possibilidades de erros. Seus valores variam entre 0,8 e 1,2, sendo considerado que a patela é alta acima de 1,2. Nas instabilidades patelares encontramos patela alta em 30% dos casos e somente em 3% nos indivíduos normais.
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TA-GT excessiva
É a medida da distância entre a tuberosidade tibial anterior (TAT) e a garganta da tróclea (GT) feita na tomografia axial computadorizada (TAC). Esta é uma medida mais prática e mais real do ângulo “Q”. Esta medida traduz o sinal da baioneta ou a implantação mais ou menos lateral da TAT.
Sua medida com o joelho em extensão é considerada normal até 20mm. Nas instabilidades patelares objetivas observa-se TA-GT acima de 20mm em 56% casos. Somente em 3% dos indivíduos normais esta distância alcança 20mm.
Displasia do quadríceps
O papel das alterações do quadríceps nas instabilidades ainda não é bem definido, sendo de difícil mensuração objetiva.
Existem dois aspectos que devem ser levados em conta: quadríceps curto e a displasia do vasto medial.
O quadríceps curto está presente quase sempre nas luxações permanentes ou habituais vistas nas crianças menores.
Em relação à displasia do vasto medial, temos os trabalhos de Insall e Hughston que relatam anomalias da porção mais inferior do músculo vasto medial. Outros autores descrevem as retrações da retinácula lateral da patela e mesmo do vasto lateral.
Existe um verdadeiro desequilíbrio da parte mais baixa do aparelho extensor com retração lateral e insuficiência medial. É um problema de difícil reconhecimento e difícil mensuração. Uma das melhores maneiras de mensurar a displasia do vasto medial é a medida do ângulo de inclinação lateral da patela com o joelho em extensão nas tomografias (TAC) ou na radiografia simples em axial a 30° de flexão do joelho.
Na TAC a mensuração do ângulo de inclinação situa-se entre 10-20° nos indivíduos normais e acima de 20° em 90% das instabilidades patelares.
Manifestações da displasia da tróclea
A displasia da tróclea do joelho se manifesta da seguinte maneira:
- Uma frouxidão do joelho;
- Uma luxação reincidente da rótula com um joelho bloqueado em flexão e muito dolorosa. A reeducação (substituição da rótula) faz a dor desaparecer;
- Uma má sustentação do joelho;
- Uma deformação do joelho.
Diagnóstico
O diagnóstico da displasia do joelho será efetuado através de um exame clínico, seguido por uma radiografia, tomografia ou ressonância magnética, que confirma geralmente o diagnóstico mostrando as displasias.
Tratamento
Inicia-se com reequilíbrio da musculatura ao redor do joelho e melhora da postura e movimentos, com fisioterapia e fortalecimento. Em caso de retenção clínica importante, um tratamento cirúrgico é necessário para centralizar novamente a rótula e às vezes remodelar a tróclea (trocleoplastia).
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