Uma tróclea rasa (displásica) a qual, em teoria, poderia ser corrigida pelo procedimento de trocleoplastia. O procedimento é, porém, bastante agressivo, e também não resultará em uma tróclea normal.

Trocleoplastia

Indicações para trocleoplastia

Praticamente todos os pacientes com luxação da patela apresentam uma tróclea rasa a qual, em teoria, poderia ser corrigida pelo procedimento de trocleoplastia. O procedimento é, porém, bastante agressivo, e também não resultará em uma tróclea normal, de forma que a indicação para a cirurgia não é consenso entre ortopedistas especistas em joelho em geral.

A grande maioria dos pacientes apresentam displasia nos graus mais leves (Tipos A e B) e são capazes de manter a função normal do joelho mesmo com uma tróclea rasa, uma vez que o alinhamento da patela esteja adequado e o Ligamento Patelofemoral Medial seja suficiente. As osteotomias da tuberosidade da tíbia e a reconstrução do Ligamento Patelofemoral Medial devem ser, desta forma, procedimentos de primeira escolha.

A trocleoplastia fica reservada aos casos mais graves de displasia da tróclea, no tipo D da classificação de Dejour e, eventualmente, no tipo C. Estes representam a menor parte dos casos de luxação da patela.

O que é a displasia da tróclea?

Tróclea é nome que se dá a um sulco do fêmur (osso da coxa), localizado na parte da frente do joelho e onde se movimenta a patela ao dobrar ou esticar o joelho. A displasia da tróclea se caracteriza por uma tróclea rasa, a qual possui menor capacidade de sustentar a patela, facilitando com que ela se desloque.

Técnica cirúrgica

Existem diferentes técnicas cirúrgicas de trocleoplastia, mas sempre com o objetivo de aprofundar a tróclea e melhorar o movimento da patela.

Descreverei aqui a técnica para a trocleoplastia de rebaixamento, que é uma das mais difundidas.

  1. O procedimento inicia-se por uma incisão feita na linha média do joelho, com 10 a 15 cm de extensão;
  2. A patela é então subluxada ou evertida para permitir o acesso à tróclea.
  3. Em seguida, é realizado o planejamento da nova tróclea. Uma linha reta é traçada a partir da parte superior do intercôndilo, no lugar onde será o novo sulco. Duas linhas divergentes adicionais são desenhadas onde serão formadas as novas facetas trocleares.
  4. Os ossos esponjosos da tróclea são agora removidos com instrumental específico, mantendo-se aproximadamente 5mm do osso subcortical junto com a cartilagem. Mais osso precisa ser removido centralmente dentro do sulco do que medial ou lateralmente.
  5. Concluídas as facetas medial e lateral com aprofundamento adequado da tróclea, as duas facetas são dobradas no novo leito troclear e fixadas. Diferentes tipos de implante estão disponíveis no mercado para fazer esta fixação.

Resultado da cirurgia

A trocleoplastia pode ter sucesso a curto e a longo prazo e atinge níveis relativamente altos de satisfação entre os pacientes. No entanto, há uma quantidade significativa de pacientes que podem ter dor residual após este procedimento, de forma que ele não deve ser indicado nos casos mais leves de displasia.

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