Deformidades do Joelho (Varo e Valgo)
Quando tem deformidades do joelho, torto apontando “para fora”, nós chamamos de joelho varo, ou genovaro. O contrário, quando o joelho aponta “para dentro”, chamamos de joelho valgo, ou genovalgo.
Para entender melhor as deformidades do joelho, imagine-se montado num cavalo. Seu joelho fica pra fora, correto? É o que seria o varo. Por outro lado, quem tem joelho valgo, não cavalga porque o joelho fica pra dentro.
Na imagem que temos nas nossas cabeças das pessoas com joelho varo são os jogadores de futebol, ou então um senhor idoso de ascendência asiática. A imagem do joelho valgo, por sua vez, é de uma moça jovem com os dois joelhos apontando para dentro e encostando um no outro. Existe uma cirurgia para tratar dessas deformidades do joelho.
Um caso curioso de deformidade no joelho era o de Garrincha, o bicampeão mundial de futebol tinha joelho valgo e inclusive era chamado de “Anjo das Pernas Tortas”. No caso dele, a deformidade era composta de uma curvatura de 2,5 cm, considerada normal, por isso o “Mané” não tinha problemas para correr com a bola nos pés.
Quais são os sintomas de deformidade dos joelhos?
Em ambos os casos de valgismo, os sintomas demoram a aparecer. Contudo, quando aparecem, as queixas são compostas por dor aguda dentro do joelho, pressão desigual sobre o joelho, sobrecarga dos pés e desestabilidade da articulação.
Nos casos de deformidade em apenas um joelho, o que é considerado raro, é possível verificar que o paciente tem uma postura anormal da coluna que oscila de um lado para o outro.
Na fase adulta, o valgismo pode causar dor, dificuldade de caminhar, sentar e levantar e também de subir e descer escadas.
• Genética: o desalinhamento articular está altamente associado a fatores genéticos. Uma vez que a evolução óssea de cada indivíduo é determinada geneticamente, o crescimento ósseo pode sofrer modificações, por conta dos fatores externos, ao longo da maturação;
• Doenças: em casos de modificação do metabolismo ósseo, como no raquitismo ou osteoporose, os ossos ficam mais frágeis e o próprio peso corporal pode influenciar no desvio das estruturas da tíbia e do fêmur;
• Pisada: os pés, tornozelos e joelhos sustentam nosso corpo. Quando alguma dessas articulações sofre um desvio, as estruturas relacionadas também sofrem modificações. A pisada pronada, aquela em que a articulação do tornozelo (subtalar) desvia para dentro, está diretamente ligada ao valgismo. Já a pisada supinada, tornozelo para fora, está mais relacionada ao varismo;
• Fraqueza muscular: a musculatura é fundamental para a estabilidade do joelho pois ela posiciona as estruturas ósseas. Quando ela está enfraquecida, a probabilidade de ocorrer um desvio na articulação é grande. Os músculos do quadril também interferem no posicionamento do joelho, uma vez que ajudam a alinhar o fêmur com a tíbia. Caso o fêmur sofra algum desvio, o joelho ficará mal posicionado. Normalmente, ocorre uma rotação interna do fêmur devido a fraqueza do glúteo, desalinhando os joelhos para dentro (valgo);
• Traumas: os tecidos sofrem modificações estruturais quando são atingidos por lesões prévias, ficando menos resistentes, o que favorece o desvio articular. A lesão do menisco também está relacionada ao avanço do desalinhamento e, muitas vezes, é necessário retirar essa cartilagem (menisco). Quando isso ocorre, o encaixe entre o fêmur e a tíbia fica prejudicado, o que leva a deformidade óssea. Bem como outras patologias como artrose, lesões ligamentares também podem ser causadores de uma anormalidade do alinhamento dos joelhos.
Como é feito o diagnóstico?
Para o diagnóstico, o médico se atenta nos sintomas do paciente e realiza um exame físico nele, medindo a distância entre os tornozelos e entre os joelhos, considerando normal somente até 2,5 centímetros de distância. Se ainda houver dúvida quanto ao diagnóstico, o médico pode pedir uma radiografia dos membros inferiores.
Quais os tipos de tratamento?
Existem diversas formas de tratamento conservador para deformidades no joelho, a maioria por meio de órteses, que são aparelhos ortopédicos usados para corrigir a malformação. Também são indicadas sessões de fisioterapia compostas por alongamento e fortalecimento dos músculos envolvidos e também a Reeducação Postural Global (RPG), que é extremamente útil para correção do joelho.
Quando o tratamento conservador não for suficiente, a cirurgia chamada de osteotomia pode se fazer necessária.
Como é a cirurgia para tratar deformidades do joelho?
Internamos o paciente para operar as deformidades do joelho em jejum de 8 horas e o conduzimos ao centro cirúrgico. Para o procedimento de osteotomia, o paciente é anestesiado por meio de raquianestesia (método de anestesia por meio administração de medicamento na coluna lombar) e sedação, que auxilia o paciente a relaxar, tranquilizar-se e dormir durante a cirurgia.
Posicionamos, então, o paciente deitado na mesa de cirurgia e colocamos um torniquete em sua coxa para minimizar o sangramento, facilitando a visualização da anatomia do joelho.
Previamente à cirurgia, realizo os cálculos trigonométricos para planejar como deverão ser os cortes necessários para remodelar a geometria dos ossos do joelho. Com o planejamento traçado, realizo a incisão cirúrgica (corte na pele) para ver os ossos do joelho e introduzir as ferramentas necessárias para os cortes ósseos (i.e., a osteotomia).
Utilizando tais ferramentas, reposiciono os ossos e os remodelo para a nova geometria calculada. Para manter os ossos com o novo formato, utilizo placas e parafusos.
Quando a correção necessária é muito grande, utilizamos também enxerto de osso para preencher os espaços criados pela mudança de posição dos ossos. Isso é semelhante a situações em que trocamos a posição das prateleiras em nossa casa: no lugar onde não há mais a prateleira, sobra um buraco que precisará ser preenchido com massa.
Nos casos em que a deformidade é bastante severa, pode ser necessário utilizar dispositivos externos, ou seja, que ficam expostos “pelo lado de fora” do corpo do paciente. São os chamados fixadores externos. O mais famoso deles, é o fixador circular de Ilizarov, popularmente conhecido como “gaiola”. Este fixador é composto por anéis que circundam o joelho do paciente e permitem excelente correção de deformidades graves.
Ao final do procedimento, costuramos as incisões da pele (i.e., cortes da cirurgia) e fazemos o curativo. O paciente é encaminhado para a sala de recuperação, de onde segue para o quarto no hospital.
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