A hipótese da dupla-compressão foi postulada por Upton e McComas em 1973 e descreve o conceito de que a compressão do nervo em uma região diminui a sua habilidade de tolerar uma nova compressão distal. A correlação clínica desse fenômeno pode ser evidenciada pela alta incidência desíndrome do túnel do carpo (STC)em pacientes com radiculopatia cervical. Com isso em mente, o diagnóstico da STC pode considerar a possibilidade de concomitante compressão de raiz cervical,síndrome do desfiladeiro torácicoou lesão mais proximal do mesmo nervo. A descompressão do túnel do carpo pode aliviar os sintomas do paciente sem haver necessidade de descomprimir os outros sítios, mas o comprometimento da raiz cervical pode levar a sintomas persistentes mesmo após a descompressão.
A síndrome do duplo impacto (SDI) é conceituada como o comprometimento compressivo de um mesmo nervo periférico em segmentos distintos. Quando esta síndrome acomete o nervo mediano, usualmente se nota uma compressão proximal de um nervo espinhal que irá constituir o nervo mediano (frequentemente, o nervo espinhal da vértebra C6) ao nível da coluna cervical por uma hérnia discal e uma compressão distal ao nível do túnel do carpo. Dados epidemiológicos sobre a SDI comprometendo o nervo mediano ainda são muito escassos na literatura médica. Observa-se que o diagnóstico pode ser inferido por sintomas e por sinais presentes proximal e distalmente no membro superior, além de alterações presentes na eletroneuromiografia de membros superiores, bem como achados em exames de neuroimagem como a ressonância magnética da coluna cervical. Atualmente, a informação sobre qual ponto neuroanatômico de compressão deveria ser abordado inicialmente ainda depende de mais estudos. Dados escassos inferem que esses pacientes, quando submetidos ao tratamento cirúrgico em apenas um dos pontos de compressão do nervo mediano, evoluem com resultados funcionais piores do que o grupo de pacientes com síndrome do túnel do carpo sem SDI tratados cirurgicamente.
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